sexta-feira, 18 de julho de 2014

Where old Ghosts Meet

Nunca fui fã de festas em casas antigas, nem "glamping" perto delas eu achava legal, mas resolvi ir pois alguns grandes amigos iriam junto, e eu tentava me convencer de que por isso, seria um fim de semana animado.
 Embarcamos na sexta de manhã rumo ao interior da Escócia, era novembro o que significava apenas uma coisa: Frio, MUITO frio. E a verdade é que iríamos à uma festa de aniversário do nosso amigo Simon. E o mais estranho de tudo é que a festa seria numa casa abandonada, à alguns quilômetros do centro. (De quem era a ideia genial de fazer uma festa na casa abandonada, eu nunca vou saber) Ao chegarmos ao então lugar nos deparamos com uma enorme casa do século passado, não havia mais animais, o lago estava limpo, mas com limo nas bordas, e o interior da casa grande, paredes verdes lotadas de fotos, chão de madeira que rangia assustadoramente, e a enorme escada que dava acesso aos quartos, tudo um tanto macabro.
Deixamos as malas nos respectivos quartos e fiquei feliz por dividir o quarto com Simon, já que aquele lugar era assustador. (Sim, passaríamos o fim de semana ali, já que o próximo voo para Londres só na segunda-feira). Naquela mesma noite fizemos uma festa e tanto, já de volta aos quarto por volta de 3h da madrugada estávamos arrumando as camas quando ouvimos um barulho estranho vindo do fim do corredor, onde tinha um quarto, que ninguém quis pegar para passar a noite, claro que pensamos que fosse algo da nossa imaginação, ou sei lá o que era, já que a casa era muito velha. O barulho não parava e ficava cada vez mais forte, fomos então obrigados a ir ver o que era. Simon foi na frente e entrou no quarto, ficamos do lado de fora com os corações pulsando forte. Muito tempo já havia passado e nada dele voltar, respirei fundo e entrei no quarto. Estava um tanto escuro, embora a luz da lua estivesse o iluminando, assim como as pouquíssimas luzes da rua. Encontrei Simon sentado na cama que havia no quarto, totalmente pálido e gelado, perguntei o que havia acontecido, ele me respondeu que havia coisas naquela casa e essas coisas não queriam a gente ali. Peguei em seu pulso e o tirei dali, rindo da história, mas o pior estava por vir. Quando os rapazes perguntaram o que havia acontecido ele nos olhou com a boca tremendo e começou a chorar de modo desesperado, um dos rapazes o levou para o quarto, para o acalmar. Fiquei ali fora olhando pro final do corredor com os olhos arregalados, não demorou muito e entrei novamente no quarto, torcendo para que nada de mal me acontecesse. Ao abrir a porta o rangido que ecoou congelou minha espinha, engoli tudo a seco e continuei andando, o quarto estava um pouco mais escuro do que antes e dessa vez as cortinas nas janela estavam um pouco fechadas, o que me assustou mais ainda, pois no momento anterior estavam abertas. Não demorou muito e senti algo passar atrás de mim, me esquivei rapidamente e senti outra vez a mesma coisa, fechei os olhos e respirei fundo e resolvi olhar no canto do meu olho, onde geralmente ninguém olha e tive a infeliz surpresa de ver um vulto branco parado no canto do armário, parecia um reflexo ou um feixe de luz, mas era muito assustador e começou a se aproximar devagar. Não pensei duas vezes, me virei e sai correndo, quase não consegui abrir a porta por conta da tremedeira forte, mas ao abrir saí como uma bala e ouvi a porta se fechar atrás de mim e o barulho do trinco sendo fechado. Quando entrei na cozinha me deparei com Simon sentado na bancada olhando pro chão, cheguei perto dele e ele se virou assustado, perguntando por quê eu estava tão pálido e agitado, então peguei uma cadeira e sentei de frente pra ele na tentativa de arrancar algo dele sobre a casa e consegui, mas o que consegui serviu apenas para me deixar em pânico e congelar mais ainda meu sangue: Os rapazes foram avisados pelos vizinhos que uma família que morava ali teve a filha de 10 anos assassinada e que deixaram a casa pelas lembranças e pelas coisas terríveis que aconteciam. Engraçado que, ninguém nunca me conta nada. Ótimo aquilo foi o bastante para eu não dormir aquela noite. No outro dia levantamos atordoados e apavorados, não sabíamos se ainda tínhamos um fantasma na casa. Estávamos chocados e horrorizados, aquilo era um claro sinal de que deveríamos sair dali o mais rápido possível. Mas o que fazer com o pobre Simon? Ele não falava e muito menos reagia as coisas, parecia que toda sua felicidade tivesse sido sugada dele. 
Enquanto eu vasculhava o sótão da casa naquela tarde encontrei um velho pano e uma boneca ensanguentada. Me arrepiei inteiro, respirei fundo, peguei uma caixa e coloquei a boneca dentro junto com o lenço, fui até uma arvore perto da entrada e enterrei a boneca, na esperança de fazer algum efeito. E para nossa enorme alegria deu certo, naquela noite não ouvimos nem sentimos nada, foi como se o enterro da boneca tivesse levado o espírito junto e que agora jaz em paz. Dureza foi contar a família. voltamos para casa na manhã seguinte. Simon faz terapia 3 vezes por semana e eu vou me lembrar de nunca mais embarcar numa viagem para qualquer tipo de lugar no interior. Amo a Escócia, mas esse fim de semana foi terrível.